Notícias de criptomoeda
1xBit Team
2022-06-05 20:52:00

Como o ênfase excessivo na monetização corrompe os jogos em blockchain

Temos uma paixão profunda pelos jogos em blockchain, o que não impede que este nicho tenha os seus problemas. Analisamos alguns dos mais prementes.

 

Conteúdos: 

  1. Boas ideias para jogos podem ser estragadas por tokens da treta.
     
  2. A qualidade tem de se sobrepor à ganância.

 

Boas ideias para jogos podem ser estragadas por tokens da treta 

A história dos jogos assistiu muitas vezes à união de forças entre fundadores de um jogo de vídeo com aparente potencial e um estúdio famoso, com vista à criação de um título “revolucionário”. Na maioria das vezes, tudo corre sem sobressaltos, até alguém chegar com a ideia “brilhante” de associar um projeto blockchain duvidoso, com umas “tretomoedas”, que supostamente vão ser a trave mestra do ecossistema inteiro. Habitualmente, a história termina com a referida moeda a explodir e despenhar-se, muito antes da versão beta do jogo chegar sequer a ver a luz do dia.

Apesar da continuada crise das criptomoedas, os tokens não fungíveis continuam a andar nas bocas do mundo devido às alturas vertiginosas atingidas pelos seus preços mínimos. Porém, o alvoroço em torno destes parece ter criado junto de muitos artistas digitais e outros entusiastas dos NFT, a ilusão de que os jogos play-to-earn oferecem uma espécie de modelo de monetização. E que é necessária uma quantidade astronómica de dinheiro para colocar este modelo em prática, bem como estabelecer uma nova e progressiva economia de jogos em blockchain. Contudo, injetar dinheiro num projeto de gaming Web3 e deixar-se levar pela onda de entusiasmo excessivo não é suficiente para criar um impacto real na adoção de blockchain.

 

A qualidade tem de se sobrepor à ganância

Sejamos sinceros, os jogos em blockchain atualmente só servem para encher os bolsos dos criadores de contratos inteligentes e explorar conceitos populares apresentados por jogos como CryptoKitties e Axie Infinity. A maioria dos projetos investe mais em criar trailers vibrantes, que descrevem eloquentemente uma jogabilidade cativante e uma economia de tokens lucrativa, que na efetiva jogabilidade do título. Alguns oferecem até tolices como tokens de utilidade absolutamente inúteis, contudo o objetivo final permanece: fechar negócio com uma grande bolsa cripto e criar burburinho em torno do título até se realizar a venda dos tokens. Depois disso, o seu desenvolvimento passa a ser praticamente nulo, ficando os jogadores com os bolsos cheios de tokens praticamente insignificantes.

Alguns projetos tentam, de forma honesta, espremer algum sumo dos seus títulos em torno dos quais foi criado um alvoroço exagerado, mas muitas vezes falta-lhes visão e capacidade para levá-los mais longe. Essa ausência de uma clara visão estratégica do futuro dos jogos em blockchain é precisamente o motivo pelo qual esta indústria não tem conseguido ser adotada de forma mais generalizada. Os estúdios estão excessivamente focados na vertente do “lucro”, negligenciando muitas vezes fatores como uma jogabilidade mais complexa, uma economia de tokens bem estruturada e uma relação duradoura com o utilizador. Neste momento, a monetização é o centro dos jogos em blockchain, contudo não garante a retenção de jogadores e, em consequência, estes perdem muito rapidamente o interesse em jogos incrivelmente monótonos e que não oferecem nada de diferente. Esse é motivo pelo qual o número de utilizadores ativos de jogos como Alien Worlds, Axie Infinity e Splinterlands diminuiu significativamente desde o início do ano.

Em suma, ainda não identificamos nenhum jogo em blockchain que seja de uma forma geral bom e capaz de competir com os Triple-A pelos corações dos jogadores. Grande parte do que existe atualmente alimenta apenas a sua ganância. E com uma elevada probabilidade do mercado entrar em declínio, este nicho estará na iminência de se degradar, exceto se for posta em prática uma mudança de estratégia.