French Open 2023: quem são os favoritos?

Não tem como negar que a prévia dos torneios dessa semana tenha um ar melancólico, já que vimos em tempo real a casa cair para um dos maiores nomes de todos os tempos do esporte, Rafael Nadal, que estará fora de mais um torneio devido a uma lesão. Enquanto isso, o circuito de tênis segue firme. Apenas alguns dias após a conclusão do Aberto da Itália em Roma, já estamos de olho no próximo grande prêmio: o Aberto da França, o segundo dos torneios do Grand Slam que começa em Paris no dia 28 de maio e por todo lado há disputas intrigantes e temas de discussão, tanto das atrações masculinas quanto das femininas, com tudo que o melhor do esporte pode oferecer.
Momento oportuno para uma revelação bombástica: Rafael Nadal, 14 vezes e atual campeão do Aberto da França, não participará do torneio desse ano e de fato, ficará longe das quadras por um longo período. A notícia divulgada em uma coletiva de imprensa na quinta-feira passada abalou as estruturas do mundo do tênis quando Nadal confirmou o maior temor dos seus fãs: uma lesão no quadril que o perseguiu durante todo o ano da qual ele não conseguiu se recuperar. Fica aí o questionamento se esse pode ser o início do fim para Nadal que tem mantido um controle sobre o Slam a ferro e fogo por quase duas décadas, desde a primeira vitória em 2005. Essa será a primeira vez que o espanhol vai se ausentar do seu torneio favorito desde 2004 (na época ele tinha apenas 17 anos). Agora, com quase 37 anos e alguns longos anos de estrada, incapaz de superar uma lesão após a outra, será que veremos Nadal retornar às quadras com seu desempenho de mais alto nível?

Pela primeira vez desde 1998, em 25 anos, o torneio não terá os grandes nomes Federer e Nadal no duelo. E à medida que tudo se escapa lentamente das mãos dos Três Grandes do tênis masculino, o jogo feminino tem visto um trio emergente de grandes jogadoras prontas para preencher essa lacuna e as três estarão ansiosas para levar a "Coupe des Mousquetaires" em Paris nas costas. De acordo com a ex-jogadora e analista austríaca Barbara Schett, a atual campeã do Aberto da França e número 1 do mundo, Iga Swiatek é a favorita, embora a polonesa enfrente uma dura competição entre Aryna Sabalenka e Elena Rybakina, ambas vencedoras recentes do Grand Slam. De fato, tanto a bielorrussa Sabalenka quanto a cazaque Rybakina têm um histórico recente favorável contra Swiatek, as duas levaram a melhor ainda esse ano (Rybakina com três vitórias). Para engrossar ainda mais o caldo, Swiatek levantou preocupações sobre sua condição física na semana passada, por conta da sua aposentadoria por lesão nas semifinais em Roma, desde então ficou claro que foi uma decisão preventiva.

No que diz respeito às classificações, Rybakina, a 4ª melhor do mundo, pode se considerar azarada por não estar em uma posição melhor após seu triunfo em Wimbledon no verão passado; em circunstâncias excepcionais, ela perdeu os habituais 2.000 pontos de classificação concedidos aos vencedores dos Grand Slams, já que nenhum ponto de classificação foi concedido após a proibição do torneio de jogadores russos e bielorrussos na competição. A campeã de Wimbledon de 2022 certamente estaria entre as duas ou três primeiras na classificação, principalmente por seus resultados consistentes desde o verão passado, incluindo um vice-campeonato no Aberto da Austrália em janeiro, no início desse ano, e a vitória mais recente em Roma. Embora tenha sido derrotada por Sabalenka no primeiro Slam do ano, Rybakina estará ansiosa e em sua melhor forma para conquistar os títulos e ir para a final em Paris.

O trio participou dos últimos quatro Grand Slams e as jogadoras estão se estabelecendo como as principais adversárias a serem vencidas no torneio. Como as três atletas são relativamente contemporâneas (com idades entre 21 e 25 anos), a consistência e o alto nível que estão demonstrando, sugerem que elas se afastarão do grupo e dominarão os torneios importantes nos próximos anos. Porém, não faz muito tempo que pronunciamentos semelhantes foram feitos sobre Noami Osaka e Ash Barty, e ambas saíram abruptamente do torneio enquanto estavam perto do que poderia ser considerado suas melhores fases. Talvez sejam necessárias mais evidências antes de confirmarmos a substituição dos "três grandes", especialmente por causa da imprevisibilidade do esporte feminino nos últimos anos, principalmente no que se refere aos Grand Slams.
Certamente seria um exagero dizer que a vitória feminina seja evidente, embora o formato do melhor de três sets permita que um pé frio ou um visitante leve a melhor, como vimos recentemente em 2021 com a vitória chocante de Emma Raducanu (com apenas 18 anos na época) na classificatória do US Open. Caso uma das três favoritas não conquiste o título, outras jogadoras acirradas são observadas, como a tunisiana Ons Jabeur, duas vezes finalista de Grand Slam, reconhecida como uma jogadora de grande variedade; e a grega Maria Sakkari, 8ª do mundo com um desempenho consistente no circuito do qual chegou em várias finais no WTA 1000.
Os principais concorrentes no lado masculino incluem naturalmente, o 22 vezes campeão do Grand Slam Novak Djokovic e o número 1 do mundo Carlos Alcaraz. Djokovic, sem dúvida impulsionado pela notícia da ausência do rival Nadal, estará ansioso para assumir a liderança no ranking do Grand Slam de todos os tempos, empatou com Nadal no 22º segundo no Aberto da Austrália desse ano. Apesar disso, o sérvio tem lutado para dar continuidade e encontrar a melhor forma ainda esse ano, após a derrota em dose dupla no Sunshine em março e ao sofrer eliminações antecipadas nos dois eventos Masters 1000 no qual competiu, Monte Carlo e Roma. Ele enfrentará um adversário extremamente ameaçador, Daniil Medvedev, o russo que substituiu Djokovic como o 2º do mundo após uma impressionante (e inesperada) vitória no Foro Italico, seu quinto título de 2023. Medvedev agora pode ser considerado uma revelação entre os competidores de Paris, mesmo que o saibro esteja longe de ser sua superfície favorita de desempenho.

Especialistas sugerem que o Aberto da Itália represente as condições mais próximas de Roland Garros, e como tal, pode fornecer uma demonstração útil da boa forma dos jogadores antes do importante Slam na capital francesa. Dada a proximidade no calendário e a similaridade da velocidade da quadra, temos motivos para acreditar que os jogadores com melhor desempenho em Roma também vão muito além em Paris. Nos últimos anos, essa previsão tendeu a se confirmar, com Nadal e Djokovic dividindo os louros em Roma nos últimos 15 anos. A ausência de Nadal e a oscilação de Djokovic até esse momento do ano, dão esperanças para jogadores como Holger Rune, Casper Ruud e Stefanos Tsitsipas, que chegaram à semifinal, ou melhor em Roma.
Enquanto isso, Carlos Alcaraz é certamente o grande favorito. O jovem espanhol, que razoavelmente pode ser considerado o aparente herdeiro de Nadal, gera muita emoção devido ao seu estilo de jogo em todas as quadras com jogadas perfeitas e velozes, drop shots executados com maestria, e rapidez fulminante. Seu recorde anual é quase perfeito: 30 vitórias e apenas três derrotas, incluindo quatro títulos conquistados. No entanto, teve uma saída chocante da eliminatória do Aberto da Itália quando foi derrotado pelo húngaro pouco conhecido Fabian Marozsan que teve uma atuação brilhante, o fato deixou 'Carlitos' com um gosto amargo na boca.
Ao conquistar o troféu no Masters de Madri na semana anterior, Alcaraz refutou as sugestões de que o cansaço foi um fator importante em sua derrota para Marozsan, mas sem dúvida agradecerá por alguns dias de descanso extra para chegar em ótimas condições no Aberto da França, especialmente ao considerar que fraturas causadas por estresse de excesso de jogos e treinos fizeram com que ele perdesse eventos importantes no passado. O ex-número 1 britânico e atual analista de tênis Tim Henman, coloca Alcaraz "um pouco à frente" de Novak Djokovic e comenta que os dois são "os dois favoritos" ao título.

Outro jovem prodígio a ser observado na atração desse ano é o novo número 6 do mundo, Holger Rune, recém-chegado à final no Foro Italico. Assim como Alcaraz, Rune comemorou seu 20º aniversário há algumas semanas, e competindo apenas em seu segundo ano no torneio, o jogador dinamarquês já conquistou seu primeiro título de Masters 1000 em Paris (em novembro passado, derrotando Djokovic na final) e se consolidou esse ano ao chegar a mais duas finais de Masters em Monte Carlo e Roma. Em sua carreira pouco sensata, ele registrou mais do que algumas derrotas (três vitórias contra os principais jogadores do mundo), o que lhe permitiu estabelecer, de forma crucial, registros favoráveis de confrontos diretos contra rivais em busca do título, como Djokovic, Jannik Sinner e Stefanos Tsitsipas. Embora seja importante lembrar que Rune não tem experiência nos Grand Slams, onde o formato de melhor de cinco sets proporciona um teste de resistência diferente de qualquer outro no torneio: é nesse ponto que Djokovic acredita estar em vantagem.
O torneio de duas semanas promete ser cheio de dramas e intrigas. O fim de semana das finais acontece nos dias 10 e 11 de junho. Você não pode perder!